“Quando procurei a UPG para embarcar na experiência que mais me marcou até hoje, não tinha noção do peso que a organização tem na vida de todas aquelas pessoas. E da pouca ajuda que cada um pode dar, mas que representa tanto para alguns. Quando regressei perguntavam-me se “tinha sido giro?”…não é possível chamar de gira a minha experiência, quando se percebe a pobreza em que todas aquelas pessoas vivem, onde o universo de uma criança termina a poucos quilómetros à frente da comunidade onde vive. Que valeu a pena, e foram os 2 meses em que até hoje, me senti mais útil, isso tenho a certeza.
Há dias que custam mais que outros, mas sobretudo pensava no útil que estava a ser, mesmo que às vezes pudesse não o sentir. É preciso aprender a comunicar com as pessoas, a interpretá-las, a cativá-las, mas tudo é uma questão de hábito e desde que haja vontade torna-se fácil ser-se contagiado pela magia de Moçambique e da cultura que aquelas pessoas respiram.
As crianças ficam contentes com tudo e com nada…por vezes, bastava apenas deixá-las mexer na minha mão para ficarem contentes. É preciso conquistá-las e mesmo com os mais pequeninos, que são mais difíceis de ajudar em algo específico, só o facto de lhes fazermos companhia ou sentá-los no chão a jogar algo, vale muito.
Não é fácil largarmos tudo a que estamos habituados para irmos dar o nosso melhor, cheios de medo e de receios mas os sorrisos das crianças compensam, mesmo nos dias em que estava mais cansada, eram esses sorrisos que me davam força para não desistir, porque uma só pessoa não consegue mudar o mundo mas se formos várias, se cada uma fizer um bocadinho, por pequeno que seja, as mudanças surgem. O importante é fazê-lo. O regresso é pior que a ida, para lá fui sem expectativas, sem pensar muito. Depois de nos habituarmos ao modo de vida, percebemos que muitas coisas deixaram de fazer sentido e que vivemos uma experiência só nossa que os outros nunca vão ter noção do que significa.
Vamos com o desejo de ajudar e ensinar algo às crianças mas regressamos com o sentimento que elas é que nos ensinaram muito mais a nós. Khanimambo Moçambique”
Mana Patrícia
Gostei muito deste testemunho da mana Patrícia. Ler este texto despertou em mim uma vontade ainda maior de fazer voluntariado com crianças. Esse é o meu grande sonho, e no qual eu ando a trabalhar para conseguir realizar. Envio o meu comentário para agradecer à mana Patrícia o relato bonito do que viveu com aqueles meninos. Gostava, se fosse possível, de entrar em contacto com ela, para pedir informações sobre o programa de voluntariado! Se me conseguirem ajudar, agradeço do fundo do coração!Beijinhos e continuem assim 🙂