Testemunho da primeira semana: “Ao entrar, o professor perguntou-me como me chamava e respondi-lhe: “Diogo”.Quando dei por mim,estava o Professor a ensinar às crianças (eram9 ou10) a dizer o meu nome.E então,como um coro de igreja a turma toda entoava: Diogo!Diogo! Diogo!Foi formidável e senti-me muito acolhido.“ Segunda semana: “Foi na quinta-feira que me senti verdadeiramente útil aqui no centro. Depois do almoço, vejo cerca de 10 crianças vir a correr na minha direção e a dizer, com um português muito enferrujado, “Diogo, queremos ir pintar contigo!” – tal e qual. Uau.
Assim que acenei afirmativamente, meteram um sorriso do tamanho do mundo e foram contentíssimos buscar os lápis, folhas, canetas, etc… Depois das pinturas, ensinei meia turma a dobrar uma folha para fazer um barquinho de papel. Pintaram-nos e quando os comecei a pendurar na parede juntamente com os desenhos que haviam feito, aqueles sorrisos voltaram. Contei 25 crianças na sala. Nunca tinha visto tantas desde a minha chegada à 2 semanas atrás…”
Ultima semana: “Os dias vão passando e, só faltando pouco mais duma semana antes de fazer as malas, há uma vontade inesgotável de aproveitar cada momento e de querer fazer o máximo possível para que o nosso legado aqui seja o maior possível… Nesta semana tinha de fazer umas fichas individuais para os miúdos, só para sabermos algumas informações sobre a sua estrutura familiar e o seu progresso escolar.Fiquei chocado com a quantidade de crianças que não sabia sequer quantos anos tinha… De facto,muitas delas nem estão registadas. São ninguém. Felizmente alguns tinham irmãos, primos ou vizinhos mais velho sque nos podiam dizer algumas coisas…
A maior diferença que encontro entre um bom aluno daqui e outro europeu é que o moçambicano não teve ninguém a influencia-lo a estudar, a aprender. Tudo o que conquistou se deve ao seu trabalho e MUITO sacrifício. Eu sempre vivi numa cultura escolar e familiar em que era recompensado e confortado ao aprender. Quando me desmotivava, tinha colegas, professores e pais á minha volta a me puxar a moral para cima e a dar-me vontade de querer continuar e não desistir. Aqui não.” PorDiogoSassetti,VoluntárioUPGnoCRPEem2012