Neste terceiro dia de viagem, voltámos à Escola de S. Vicente de Paulo. Pela manhã a escola vai já adiantada. Ouvem-se crianças a recitar nas aulas, não há tempo a desperdiçar neste caminho de aprendizagem e partilha.
A Sala de Apoio ao Estudo está ainda a meio gás, esperando a bem vinda chegada da Professora Vânia, que tomará funções a partir do final de Abril. Até lá, o jovem Almiro, voluntário animador da escola e menino Apadrinhado pela UPG tenta partilhar os seus conhecimentos e organizar as crianças. A sua especialidade é mesmo a animação cultural, social e desportiva, mas desdobra-se em esforços para não deixar as crianças sem apoio.
A chegada às salas das Pré-Escola traz sempre consigo uma cor que é difícil ficar indiferente. Cantam numa voz desprendida as suas boas vindas e dançam com alguma vergonha para estas visitas que parecem ser especiais, mesmo que eles não saibam porquê. A ausência da Professora Amélia, que sofreu um grave acidente rodoviário, faz-se sentir. As 3 turmas passam a ser apoiadas por apenas 2 professores e fica difícil acompanhar as crianças da mesma forma. Com alegria, vimos que estão 3 auxiliares voluntárias nas salas, que fazem, em conjunto com um grupo maior, uma rota de voluntariado na sala das prés. Assim, cumpre-se o requisito de ter auxiliares enquanto que os alunos de 10ª e 11ª classe ganham experiência de trabalho. Aos que participam, são dados pontos extra se um dia se candidatarem a bolsas UPG ou cursos profissionais. Voltamos mais tarde para uma distribuição de balões, ficando sempre surpreendidos pela alegria que um pedaço pequenino de plástico pode trazer a qualquer criança em cada parte do mundo.
Já em tom mais sério e longe das crianças, o dia de hoje deu também lugar a reflexão. Primeiramente, discutimos em equipa as melhores formas de intervenção social junto dos jovens, em especial os grupos de risco da secundária, em que o abandono escolar poderá ser mais proeminente ou das meninas, sujeitas a complexidades adicionais na idade adolescente. Discutimos temas de palestras, intervenções nas famílias, dinamização de atividades. As ideias abundam.
O passo seguinte na nossa intervenção é um dos mais recentes, os graduados da UPG. É com alegria que vimos cada vez mais alunos a terminar a 12ª classe e assim o seu percurso com a UPG. Contudo, terminar a 12ª classe pode ser um momento agridoce para muitos. Poderão não querer continuar a estudar mas não tem forma de se sustentar, poderão não ter sido recetores de uma bolsa. Ficam em casa sem escola, sem cesta básica e sem emprego. Conversámos em equipa como garantir que os Graduados da UPG (ex-Afilhados) não se sintam abandonados e saibam que a UPG tem uma porta aberta. É difícil prolongar a dependência da ajuda sabendo que muitos ainda não tem as suas asas totalmente finalizadas, mas sabemos que cada um terá de procurar encontrá-las, com o nosso apoio sempre que for possível. Mais uma vez, as ideias abundam, que nos chegue a força (e os fundos) para o fazer.
A despedida é difícil. Saio com a mente confortada de ter uma equipa forte em S. Vicente, que se interessa pelas crianças e a sua missão. Mas o coração pesa de tantas expectativas, de tantos planos que se querem fazer e de não saber se lhes poderemos dar resposta a todos. As lágrimas caem e está na altura de fugir, para que só fiquem sorrisos e memórias de tempos bons. Até já S. Vicente.