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Mana Caetana e Madalena

Passado um mês em Moçambique…   “Hoje faz um mês que saímos de casa. Quando, dia 22 de Agosto, chegamos a Maputo podemos confessar que nos sentíamos perdidas, não sabíamos o que sentir, o que fazer, nem como o fazer. Mas dia 23, quando chegámos à nossa nova casa, em Chongoene, as coisas mudaram. Nunca no sentimos tão bem recebidas e acarinhadas; as pessoas são maravilhosas, estão sempre de braços abertos e com um sorriso na cara, apesar do tão pouco que têm. É impressionante como no nosso dia-a-dia em Portugal damos tão pouco valor a certas coisas, as quais significariam a vida para estas pessoas.

A nossa rotina mudou drasticamente: passamos de acordar às 11h para acordar às 6h, de comer um bife para comer mandioca, de aprender para ensinar, de viver dependentes de certas pessoas e de certas coisas (telemóvel e computador) para viver para nós e para estas pessoas. Deixámos de estar à espera que haja pessoas que façam as coisas por nós, ninguém nos acorda, ninguém nos faz comida, ninguém nos arruma a casa, ninguém nos lava a roupa, ninguém faz as compras do mês… Passámos de vestidos e calças de ganga, para calças largas e camisolas de “homem”, do conforto de ver televisão sentadas num sofá para conversas sentadas à mesa, de uma banheira só para nós para um chuveiro de três fios de água.

Todos os dias nos levantamos às 6h, damos uma aula às 7h debaixo de uma Amendoeira – a 4 minutos de casa – a 23 crianças cujo nível de ensino é inexplicável. A cumplicidade com estes miúdos tem crescido a cada dia e é incrível o amor que passou a existir por eles em tão pouco tempo. O facto de termos dois alunos à porta de casa de manhã à nossa espera, de chegarmos à aula e todos correrem na nossa direção, ou simplesmente o facto de passarem a ser assíduos e pontuais mostra o significado que já temos para eles.

Aqui na missão de Chongoene também começámos a organizar a biblioteca, para que possa ser mais utilizada. Ajudamos por vezes a professora Alda e a professora Beatriz – da Escolinha de Sta. Catarina – a fazer com que as suas aulas sejam mais produtivas e interessantes. O mesmo é feito, duas a três vezes por semana, com a professora Zaida, de forma a tornar as suas aulas proveitosas, tarefa complicada!

Mas a nossa vida por cá não se resume a Chongoene. Várias vezes por semana saímos daqui, com o nosso papá Langa, em direção a Nhancutse, Banhine ou Conjoene.
Todas as segunda damos uma aula às alfabetizadoras de Banhine e Conjoene (depois da Amendoeira), para que possam usar a nossa ajuda nas suas aulas. Em Nhancutse e Banhine fazemos sala de estudo com algumas crianças e realizamos visitas regulares às famílias, de modo a por em prática o projecto ‘geração de rendimentos’ – um projecto cujo objectivo é ajudar algumas famílias a encontrar rendimento suficiente para se sustentarem.

Já demos algumas formações a mamãs nas comunidades, sobre assuntos do quotidiano, que aqui são tabu e uma vez por mês ajudamos na distribuição da cesta básica às famílias pertencentes ao projecto – conjunto de alimentos essenciais fornecidos pela UPG  – em todas estas comunidades e ainda outras.  É muito complicado expressar o que vivemos aqui, por palavras ou imagens, mas tentamos ao máximo passar a mensagem do que esta experiência tem vindo a significar para nós.
Ainda faltam 8 meses e já aprendemos tanto… Temos a certeza que quando voltarmos vamos ser pessoas mais ricas e vamos saber dar mais valor às pessoas e às coisas, porque apenas num mês a nossa visão da vida já mudou.

Claro que há pessoas que nos fazem falta mas acreditem que nunca nos sentimos tão felizes e preenchidas, e devemos isso aos nossos pais, que nos proporcionaram a melhor experiência até agora vivida.”   Mana Caetana e Madalena

1 thought on “Mana Caetana e Madalena”

  1. Ler estas palavras é relembrar com um sorriso nos lábios, e com os olhos a brilhar pelas lágrimas de saudade…. Que as Manas continuem com o maravilhoso trabalho… 🙂

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