Costumava saber-lhes o nome. De todos sem excepção. Tudo começou porque quis ajudar 30 crianças. E penso que até às 250 consegui manter nome do Padrinho e do Afilhado na memória. Mas hoje (felizmente) a Um Pequeno Gesto tornou-se em algo para além de mim, da minha memória e da minha história.
Os 10 dias em Moçambique são cada vez mais sobre como transformar Pequenos Gestos em Grandes Ajudas, como explicar as necessidades de comunicação de quem faz Pequenos Gestos e como resolver as preocupações daqueles que no terreno, executam as Grandes Ajudas.
Com alguma tristeza passo menos tempo com as crianças e mais tempo com os adultos, mas sempre soube que era o outro lado de crescer. Continuo a ver as crianças, as suas casas e as suas famílias, mas já não posso passar o dia na Escola com eles a brincar, pintar, ler, jogar futebol ou montar um puzzle. De soslaio olhei as voluntárias que estavam na “Sala de Projecto” e de certa forma invejei o seu trabalho com os pequeninos. Mas também fiquei contente porque é parte do meu trabalho que seja possível as “Manas” virem para Moçambique.
A visita a Moçambique muitos pontos altos, alguns pontos baixos, mas há coisas que nunca mudam, seja o que fizermos na visita – temos sempre pouca vontade de vir embora e, quando voltamos, chegamos sempre com mais sonhos e mais vontade de trabalhar. Deixo em baixo um sumário do que visitámos, o que discutimos, com quem falámos, porque transparência é sempre bom. Mas detalhes sobre cada um dos dias, das visitas, das conversas, terão de vir em muitos mais posts, uns sobre a forma de história, outros sobre a forma de novos projectos e novos sonhos que trazemos na bagagem. Dia 1: Visita à Escolinha do André e à Parceira Local, Irmã Isabel. Muita conversa sobre voluntários, a licença “sabática” da Irmã e potencial partida de Moçambique, Conversa sobre o contacto com os Padrinhos da Escolinha, as avaliações dos alunos e o reforço da equipa da escola. Dia 1: Encontro com a Voluntária Cátia, em Moçambique por 6 meses e a meio da sua estadia. Dia 2: Visita à Escolinha Flor da Infância, reunião com os técnicos e assistentes da escola – Marquês,Solange e Hélder – reunião com a Irmã Helena, a nova Directora da Escola. Discussão de novas condições do Apadrinhamento na Escolinha
Dia 2: Discussão das alterações ao programa dos Meninos de Xai-Xai e formas de continuação do plano de Poupança para as crianças
Dia 3: Visita à Missão de Chongoene e reunião com o Parceiro Local Padre Rosendo sobre os Programas de Banhine e Nhancutse. Planificação da construção dos furos, parcialmente financiados pela UPG Reino Unido.
Dia 3: Visita ao Centro de Informática e discussão de formas de melhorar a rentabilidade do centro, que ameaça fechar
Dia 3: Reunião com o novo técnico UPG Arnaldo, de apenas 16 anos, e que faz a comunicação com os Padrinhos de Banhine e Nhancutse
Dia 4: Ida a Chiare com o Parceiro Local Padre Rosendo, onde a bomba do furo re-construído pela UPG foi roubada. Uma nova bomba foi posta mas por alguém vizinho mas agora a água tornou-se cara para a população. Procura de soluções
Dia 4: Ida a Bungane com o Parceiro Local Padre Rosendo. O carro parou no meio do mato mas ainda conseguimos visitar a Palhota dos Afilhados da Fundação Luis Figo. Ficaram por visitar as palhotas de Nhancutse, porque tudo atrasou Dia 4: Partida para Chokwé, onde fomos recebidos pela Irmã Neuza, em plena época de exames na escola. Discussão dos prós e contras do Programa de Voluntariado, alterações para melhoria da Sala de Estudo e qualidade da educação das crianças e potenciais melhorias para 2012.
Dia 4: Encontro com as voluntárias Margarida, Peddy e Piedade que estão ao serviço na Escola de Santa Luísa de Marillac e São Vicente de Paulo
Dia 5: A minha primeira visita à Escola Santa Luísa Marillac. Todo o bem que dizem da escola é verdade, como já pus no último post
Dia 5: Recepção com as crianças de Santa Luísa,visita à escola e conhecimento das várias actividades. Distribuição de alimentos do mês de Novembro. Discussão das necessidades de ajuda nos projectos de Economia Doméstica. Discussão do alargamento a 20 novos afilhados.
Dia 5: Visita à Palhota da Teresa e da Sandra para entrega das chaves da casa. Apesar de estar sem chão, as meninas já conseguem imaginar onde vão dormir! Financiada por um Desafio UPG!
Dia 5: Visita à Palhota (ou já nem isso) do Benete, da Flora, do Nélson e do Elísio, as 3 palhotas cuja construção vai iniciar-se ainda este mês, financiadas pela UPG Reino Unido.
Dia 6: Visita a Hokwé, onde fica o Internato dos “Meninos de Hokwé”, um novo programa de Apadrinhamento da UPG. Conversa com a Lina, sobre os estudos, condições e a necessidade de não engravidar. Discussão com os professores e a
directora sobre a forma de prevenção da SIDA e gravidezes indesejadas.
Dia 6: Visita a Chiaquelane e à ex-Parceira Local Irmã Isaura. Com lágrimas nos olhos encontrei muitas das crianças que a UPG deixou de Apadrinhar, inclusivé aquele que será sempre meu afilhado Zezito. Os mais velhos regressaram às suas casas. Os pequenotes continuam por ali. Detalhes para um post mais tarde.